Bebe Areia

Uma bomba de Venturi

Pois, uma nascente cársica entupida de areia é motivo suficiente para por a cabeça de um espeleólogo às voltas e se a isso juntarmos mais dois ou três espeleólogos então irão, sem sombra de dúvida, surgir as ideias mais inusitadas. E assim sendo, com mais meia dúzia de conversas típicas de espeleólogos, às quais se juntaram a equação de Bernoulli e a sua aplicação por Venturi, chegou-se à brilhante conclusão: vamos fazer uma coisa destas!

- E funciona?
- E porque não? engendramos um sistema baratinho…
- Baratinho? mas afinal precisamos de quê?
- Pois… de uma coisa deste género

- Onde temos que bombear água por um tubo. Nesse tubo estrangulamos a água o que obriga a aumentar a sua velocidade e consequentemente a baixar a pressão e isso irá causar um efeito de sucção, ou seja, ficamos com um aspirador de água que sendo suficientemente forte e colocado junto ao fundo sugará água e areia.

- Ora aí está, e assim bebemos aquela areia toda e… hum… e bomba? Precisamos de uma bomba d'água…
- Sim, sem isso nada feito…
- Mas o Mendes é menino para desencantar isso. Telefona-lhe!
- Sim? Mendes? Arranjas uma bomba d’água?
- Uma bomba? Sim, acho que sim, mas não sei como é que ela está. Mas para que é isso?
- Para fazer um bebe areia… sim para limparmos aquela areia toda da nascente que queres mergulhar ;-)
- A sério? Estão a brincar! …mas acham que isso resulta? … ok, vou então tratar da bomba; assim que a encontrar mando-vos umas fotos…

et voilá

Nada de pânico! Bomba já temos... e agora as compras:

  • 1 forquilha em PVC a 45º;
  • 1 tubo de bucha química;
  • meia-dúzia de parafusos.

E assim que chegados ao laboratório de alta tecnologia, toca a montar o artefacto conforme o seguinte esquema:

Esquema bebe-areia, bomba de Venturi

O "estreitamento" será feito (preenchido) com a bucha química e para isso usamos um cone de cartolina como molde.

Uma boa relação entre os diâmetros é de, aproximadamente, 1/4. Assim, para um tubo de 2'' iremos ter um cone com um diâmetro na base de 2'' e um diâmetro na parte superior de 1/2''.

Os parafusos são apenas para que a bucha química se agarre melhor, ou seja, quando secar ficará com os parafusos embutidos de forma a evitar que a pressão da água não a empurre para fora do sítio.

Forquilha PVC a 45º Cone em cartolina Forquilha + cone

Inserir o cone na forquilha, juntar uns parafusos e preencher tudo com bucha química;

deixar secar e está pronto a usar!!!

O Bebe Areia em acção

Chegado o fim-de-semana e com tudo pronto só temos que implementar o seguinte esquema para pormos o bebe areia a funcionar

Esquema de implementação da bomba de Venturi

Assim que chegados à nascente...

Nascente entupida com areia

... é iniciada a montagem e a equipagem do manobrador:

Depois de 20 minutos a beber areia ficou este lindo serviço:
Areia extraída

Em resumo, depois desta pequena aventura podemos concluir que o Bebe Areia funciona! E recomenda-se ;-)

A equipa
Os engenhocas: Manuel Freire, António Mendes, Pedro Moreira, Davide Moreira

 

Bebe Areia - the trailer

Edição: Marco Costa

TC Speleo Camp

O Verão está à porta e só apetece rumar à Serra de Sicó.

 

TC Speleo Camp

Com a proposta lançada por parte do GPS - Grupo Protecção Sicó, de co-organização de um Speleo Camp para continuar com os trabalhos desenvolvidos pelo NEUA no Algar da Terra Cimeira, o NEUA nem pestanejou e rumou à Serra, participando com 3 espeleólogos.

Algar de Terra Cimeira

Tendas montadas, era altura de continuar os trabalhos de desobstrução do actual terminus da cavidade, tarefa à qual vários membros do Speleo Camp se dedicavam enquanto cá fora se dava todo o apoio necessário.

A colaboração com o GPS é sempre frutífera e o NEUA agradece a sua amabilidade, especialmente ao Rogério que nos trouxe o jantar à serra.

Veja as fotos na página do facebook do NEUA.

Participantes do NEUA: Ana Sofia Reboleira, António Mendes e Manuel Freire

NEUA no Maciço Calcário Estremenho

Crónicas de um fim de semana espeleológico no Maciço Calcário Estremenho,

Fim de semana em cheio. Melhor, só dois destes!

A programação foi extensa e comemorativa. Não só por visitarmos algares de renome, mas também pelo convívio dos ‘NEUAs’ com espeleólogos de outros grupos. 

Sofia Reboleira na entrada do algar do Zé do BragaEspeleólogo debutante e Manuel Freire na entrada do algar do Zé de Braga

A festa começa já na preparação do jeepinho e na coleta dos ‘tatuzinhos’. “Ver o jeep chegar é sinónimo de gruta boa, não é!”. Audaz escritório ambulante, leva-nos primeiramente ao Algar do Zé de Braga, situado a Norte da povoação de Monsanto na zona do Vale do Pombo/Pias Largas.

Rui Pinheiro, Manuel Freire e Ana Sofia Reboleira na entrada do algar do Zé de Braga

Primeiramente, o algar é marcado pela entrada ‘manhosa’ (Netó e Mendes que o digam) da grade que o protege. São 17 metros de vertical com fraccionamentos, que nos levam a uma pequena sala. Esta não faz jus à beleza restante do algar, mas surpreende-nos pelos moradores incansáveis no modo de assustar os visitantes.

Sapo-comumSalamandra de pintas amarelasSerpente

Passagens largas, salas imensas e um espetáculo de detalhes sugeridos pelos espeleotemas proporcionam, a quem mira o seu holofote, o deslumbrar de admiráveis esculturas que brilham e enaltecem a alma.

Algar do Zé de Braga

Reverberação omnipresente de luminosidade num ambiente quase que celestial.

Algar do Zé de Braga

Parafraseando o conhecimento alquímico, “tudo aquilo que está em cima é igual ao que está em baixo”.

Algar do Zé de BragaAlgar do Zé de Braga

Patrícia Lima no algar do Zé de BragaSofia Reboleira e Manuel Freire no algar do Zé de Braga

António Mendes no algar do Zé de Braga

Brindamos a isto e ao aniversário da AES que, em meio da formação nível II, organizou um jantar (sábado à noite) em prol das comemorações, que ocorreram em Chãos/Alcobertas.

Jantar de aniversário da AES em Chãos/Alcobertas

Após o jantar ficam somente alguns, que ainda rumaram para a casa de Valverde, local de pernoita. Fim de noite quase com direito a danças do rancho folclórico, realizado por um espirituoso bailarino do NEUA. 

Chãos/Alcobertas

No dia seguinte, numa bela manhã chuvosa e fria, o que se ouve ao fundo do horizonte?  “Gruta!”.

Jeepinho do NEUA no maciço calcário Estremenho

Desta vez, a excursão dirige-se à gruta do Almonda.

Nascente do rio AlmondaRio Almonda em Torres Novas

Gruta sumptuosa tanto pela extensão privilegiada, como pela disposição de água; detém a representatividade nacional que atribui-lhe o grau de maior gruta de Portugal, assim como um dos maiores reservatórios de água doce do país.

Manuel Freire na nascente do rio Almonda

Manuel Freire na Gruta do AlmondaSofia Reboleira e Manuel Freire na gruta do Almonda

Entre montanhas de pedras, salões imensos, labirintos, declives acentuados e passagem obrigatória pela "Torre Eiffel", caminhamos mais ou menos 4 kilómetros. Em meio de tanta novidade e ‘boniteza’, foi possível observar as marcas deixadas pelas águas e pelo tempo, nas rochas do chão e nos redemoinhos dos tectos.

Manuel Freire, António Mendes e Sofia Reboleira na gruta do AlmondaGruta do Almonda

Gruta do AlmondaPatrícia Lima num sifão da gruta do Almonda

Sofia Reboleira, Manuel Freire e António Mendes na gruta do AlmondaGruta do Almonda

Lembranças foram trazidas à memória dos que já conheciam a gruta e, àqueles que ainda não haviam posto o pé em tamanha diversidade, foi aprendizado de sobra. O ponto que marcou o regresso foi o encontro de um sifão, que o espeleo-mergulhador António Mendes conhecia-o somente visto da água.

Gruta do AlmondaSofia Reboleira, António Mendes, Manuel Freire e Patrícia Lima na Gruta do Almonda

Após o trajecto percorrido, suor e sensação de fim de semana perfeito fecha-se com plaquetes de ouro, não só pela sonhada parada na tasca da Dona Maria, mas também por sermos agraciados por este esplendoroso portal Cavernícola vindo dos céus. Como era mesmo a frase....”tudo aquilo que está em cima está em baixo”?!!? Agora pergunta se alguém quer voltar!

Arco Irís sobre a Serra de Aire

Arco Irís sobre a Serra d'Aire

António Mendes, Manuel Freire, Ana Sofia Reboleira e Patrícia Lima na Tasquinha da D. Maria, Livramento

 

Texto: Patrícia Lima (Brasil), membro do NEUA

Fotos: Patrícia Lima, Bruno Pais

'Tatus' participantes: Ana Sofia Reboleira, António Mendes, Manuel Freire, Patrícia Lima, Rui Pinheiro (com a participação de Bruno Pais (tatuzinho mirim), na tarde de sábado).

 

 

Gruta da Arrifana


Dia 13 de janeiro,  foi dado mais um reinício ao ano não só com o pé direito, mas com os dois pés, na tão boa e revigorante lama proveniente das profundezas do distrito de Coimbra. Felicidades para quem é supersticioso e acredita que tudo que for feito no primeiro mês será repetido com intensidade no resto do ano. Então, fica aqui os bons auspícios a todos os tatus da região. Que venha mais e mais grutas.


Entrada da gruta da ArrifanaGruta da Arrifana


O local explorado neste fim de semana foi a de Arrifana, antes conhecida como a gruta da Cova da Moura. Situa-se junto à povoação homónima. A estrada que serve de referência começa logo em frente a uma escola primária.


Ana Sofia Reboleira, António Mendes e Patrícia Lima na entrada da gruta da ArrifanaAna Sofia Reboleira, Rosa Cerqueira, António Mendes e Patrícia Lima


De acordo com os dados obtidos no site dos espeleólogos de Condeixa, a gruta possui 150 m de desenvolvimento horizontal. A facilidade em percorre-la proporcionou tranquilidade em apreciar as suas belezas naturais... 


Gruta da ArrifanaFungo


Principalmente, observar e fotografar os cavernícolas, formalizando o objetivo da exploração.


Morcego ferradura pequeno, Rhinolophus hipposiderosFauna cavernícola


Entretanto observaram-se sinais de vandalismos em muitas das estalactites e estalagmites.

Após o fim da exploração, a equipe direcionou o seu interesse à verificação do nível da água do Olho da Grota, localizado próximo a povoação de Portunhos, concelho de Cantanhede.


Olho da Grota, Portunhos, Cantanhede


Claro que entre as duas atividades, foi possível cumprimentar as senhoras do Restaurante “O Catito”, da freguesia de Ançã.



Texto e fotos: Patrícia Lima

Participantes: Ana Sofia Reboleira, António Mendes, Patrícia Lima e Rosa Cerqueira

Agradecimentos: Ao Manuel Freire, por nos indicar a localização da área geográfica da cavidade, ao Davide Moreira e ao Miguel Pessoa, pela indicação das coordenadas e da localização (à antiga) da cavidade, respectivamente.





Terra Cimeira em actividade

Na sequência da forte pluviosidade recentemente registada, o NEUA regressou ao Algar de Terra Cimeira com o intuito de verificar possível circulação de água na zona desobstruída.
Num 23 de Janeiro frio e chuvoso, a equipa saiu de Aveiro às 19:00 horas, tendo iniciado a descida ao algar pelas 21:30. Fruto da experiência acumulada em repetidas incursões nesta cavidade, a equipagem da gruta foi bastante rápida.
No decurso da descida do poço final, era já possível ouvir actividade hídrica, que veio a ser verificada na "salinha do ano e meio". Recorde-se que a tentativa de acesso a esta "salinha", foi iniciada após se ter ouvido circulação aquando do chuvoso inverno de 2006. Chegados ao fundo, foi possível registar a actividade existente e identificar a origem e destino da água. Esta observação permirtir-nos-á orientar futuras escavações no Algar de Terra Cimeira.
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