NEUA no Maciço Calcário Estremenho
Crónicas de um fim de semana espeleológico no Maciço Calcário Estremenho,
Fim de semana em cheio. Melhor, só dois destes!
A programação foi extensa e comemorativa. Não só por visitarmos algares de renome, mas também pelo convívio dos ‘NEUAs’ com espeleólogos de outros grupos.
A festa começa já na preparação do jeepinho e na coleta dos ‘tatuzinhos’. “Ver o jeep chegar é sinónimo de gruta boa, não é!”. Audaz escritório ambulante, leva-nos primeiramente ao Algar do Zé de Braga, situado a Norte da povoação de Monsanto na zona do Vale do Pombo/Pias Largas.
Primeiramente, o algar é marcado pela entrada ‘manhosa’ (Netó e Mendes que o digam) da grade que o protege. São 17 metros de vertical com fraccionamentos, que nos levam a uma pequena sala. Esta não faz jus à beleza restante do algar, mas surpreende-nos pelos moradores incansáveis no modo de assustar os visitantes.
Passagens largas, salas imensas e um espetáculo de detalhes sugeridos pelos espeleotemas proporcionam, a quem mira o seu holofote, o deslumbrar de admiráveis esculturas que brilham e enaltecem a alma.
Reverberação omnipresente de luminosidade num ambiente quase que celestial.
Parafraseando o conhecimento alquímico, “tudo aquilo que está em cima é igual ao que está em baixo”.
Brindamos a isto e ao aniversário da AES que, em meio da formação nível II, organizou um jantar (sábado à noite) em prol das comemorações, que ocorreram em Chãos/Alcobertas.
Após o jantar ficam somente alguns, que ainda rumaram para a casa de Valverde, local de pernoita. Fim de noite quase com direito a danças do rancho folclórico, realizado por um espirituoso bailarino do NEUA.
No dia seguinte, numa bela manhã chuvosa e fria, o que se ouve ao fundo do horizonte? “Gruta!”.
Desta vez, a excursão dirige-se à gruta do Almonda.
Gruta sumptuosa tanto pela extensão privilegiada, como pela disposição de água; detém a representatividade nacional que atribui-lhe o grau de maior gruta de Portugal, assim como um dos maiores reservatórios de água doce do país.
Entre montanhas de pedras, salões imensos, labirintos, declives acentuados e passagem obrigatória pela "Torre Eiffel", caminhamos mais ou menos 4 kilómetros. Em meio de tanta novidade e ‘boniteza’, foi possível observar as marcas deixadas pelas águas e pelo tempo, nas rochas do chão e nos redemoinhos dos tectos.
Lembranças foram trazidas à memória dos que já conheciam a gruta e, àqueles que ainda não haviam posto o pé em tamanha diversidade, foi aprendizado de sobra. O ponto que marcou o regresso foi o encontro de um sifão, que o espeleo-mergulhador António Mendes conhecia-o somente visto da água.
Após o trajecto percorrido, suor e sensação de fim de semana perfeito fecha-se com plaquetes de ouro, não só pela sonhada parada na tasca da Dona Maria, mas também por sermos agraciados por este esplendoroso portal Cavernícola vindo dos céus. Como era mesmo a frase....”tudo aquilo que está em cima está em baixo”?!!? Agora pergunta se alguém quer voltar!
Texto: Patrícia Lima (Brasil), membro do NEUA
Fotos: Patrícia Lima, Bruno Pais
'Tatus' participantes: Ana Sofia Reboleira, António Mendes, Manuel Freire, Patrícia Lima, Rui Pinheiro (com a participação de Bruno Pais (tatuzinho mirim), na tarde de sábado).