Espeleóloga do NEUA descobre o animal subterrâneo terrestre mais profundo do mundo
Cientistas descobrem o animal terrestre mais profundo de sempre, juntamente com 4 novas espécies para a ciência. São colêmbolos (Arthropoda, Insecta, Collembola), diminutos insectos primitivos desprovidos de asas e de olhos, que vivem na gruta mais profunda do mundo em total escuridão.
Ana Sofia Reboleira e Sergio Garcia-Dils, com uma das amostras que recolheram no interior da Krubera. Foto: Pilar Orche Amaré, 2010
Estes animais foram recolhidos nos trabalhos bioespeleológicos de Ana Sofia Reboleira (NEUA, Universidade de Aveiro) e Alberto Sendra (Museu Valenciano de História Natural), incluídos na expedição Ibero-Russa do CAVEX Team à gruta mais profunda do mundo no verão de 2010.
A gruta mais profunda do mundo, Krubera-Vorónia, que alcança actualmente a profundidade de -2191 metros abaixo do nível do solo, está localizada na Abecássia, uma area remota perto do Mar Negro nas montanhas do Cáucaso Ocidental, sendo a única caverna do mundo que ultrapassa os 2 kilómetros de profundidade.
As cavidades do maciço de Arábika - uma zona mítica da espeleologia mundial - também explorada por Martel, foram formadas em plena crise messiniana, quando o mar negro estava praticamente seco e os níveis freáticos mais baixos que actualmente. Daí o carácter vertical destes sistemas e a constante busca pelo colector que levará as águas da Krubera-Vorónia ao mar Negro e que ainda não foi descoberto, permitindo aos espeleólogos bater consecutivamente recordes mundiais de profundidade nesta zona.

Ana Sofia Reboleira entrando na gruta Krubera. Foto: Alberto Sendra, 2010
Publicados na revista científica Terrestrial Arthropod Reviews e descritos por Rafael Jordana e Enrique Baquero (Universidade de Navarra, Espanha), estes animais têm o nome científico de: Anurida stereoodorata, Deuteraphorura kruberaensis, Schaefferia profundissima e Plutomurus ortobalaganensis. Convertendo-se a última espécie no animal terrestre mais profundo de sempre, ao ser descoberto à impressionante profundidade de 1980 metros abaixo da entrada da cavidade.

Plutomurus ortobalaganensis, o animal terrestre mais profundo de sempre -1980 metros. Foto: Sofia Reboleira
A descoberta de vida a semelhante profundidade lança novas luzes sobre a forma como olhamos para a vida na Terra. Em total ausência de luz e com recursos alimentares extremamente escassos, os animais cavernícolas possuem adaptações únicas. São desprovidos de pigmentação, não possuem olhos e desenvolveram estratégias morfo-fisiológicas que lhes permitem viver a em grandes profundidades, durante milhões de anos. Como o caso, de uma das novas espécies que tem uma espectacular estrutura quimiorreceptora, um tipo de órgão pós-antenal, habitual nos collembolos, mas altamente especializado para a vida subterránea.
O artigo científico original: Jordana, R.; Baquero, E.; Reboleira, S. & Sendra, A. (2012) Reviews of the genera Schaefferia Absolon, 1900,Deuteraphorura Absolon, 1901, Plutomurus Yosii, 1956 and the Anurida Laboulbène, 1865 species group without eyes, with the description of four new species of cave springtails (Collembola) from Krubera-Voronya cave, Arabika Massif, Abkhazia. Terrestrial Arthropod Reviews, Volume 5, Number 1, 2012 , pp. 35-85(51)
Algumas notícias sobre a descoberta:
Elmundo.es
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