Gruta da Contenda (+17m, -73m)

Maciço Calcário Estremenho, polje de Mira-Minde - 2008/2009

ISSN 1647-6417

Enquadramento


Maciço Calcário EstremenhoA gruta da Contenda desenvolve-se no bordo Sul do planalto de São Mamede, Portugal. O planalto de São Mamede é uma das unidades geomorfológicas, do maior e mais importante maciço cársico português, o Maciço Calcário Estremenho, (Fig. 2) definido por Fernandes Martins (1949). A entrada da gruta está localizada no limite Norte do Polje de Minde (Fig. 3), ao longo do qual se encontram onde várias nascentes cársicas. A Contenda é uma dessas nascentes, possivelmente uma exsurgência episódica (neste caso funciona como nascente nas alturas de maior precipitação), de acordo com a classificação de Bögli, 1980.


Esboço corográficoA boca da gruta da Contenda fica situada próxima de uma escarpa, que   delimita a Norte o polje de Minde,  em contraposição com a Costa de Minde , que segundo Fernandes Martins, 1949, delimita o mesmo polje a Sul. Esta escarpa, de aspecto muito mais modesto do que a sua  vizinha, apresenta  desnível que ronda os 10m, relativamente próximo da boca da Contenda,  e tem uma orientação grosseira NO-SE.

Outras exsurgências existentes no polje de Minde e já referidas por Fernandes Martins, 1949 , são o  Regatinho, o Olho de Mira e o Poio (Gruta da Pena), todas situadas próximas da escarpa acima referida. A gruta da Contenda encontra-se total ou pelo menos, parcialmente inundada durante grande parte do ano, tornando o trabalho de campo, na maior parte da gruta, só possível por um período de 3-4 meses.

A gruta da Contenda encontra-se próximo da gruta de Moinhos Velhos, que é a segunda maior gruta em desenvolvimento e a segunda mais profunda de Portugal. A ligação entre Moinhos Velhos e a Contenda foi provada por traçagem em 1986 (Almeida et all, 1995). A traçagem realizada na gruta de Moinhos Velhos revelou uma velocidade média da água de 16 m/h para uma distância de viagem de 800 metros até à gruta Contenda, sendo a direcção do fluxo, encontrado neste sector, de norte para sul. A gruta da Contenda é, segundo o relatório Ramsar, uma exsurgência do tipo “trop plein” ou de extravasamento do Sistema de Moinhos Velhos.

Até à presente data nunca foi conseguida, tanto quanto seja do nosso conhecimento, a ligação física entre a gruta da Contenda e Moinhos Velhos. O sistema de grutas composto pelas grutas da Contenda, de Moinhos Velhos e Pena (Poio), esta última já fisicamente ligada à gruta de Moinhos Velhos, é conhecido  como o Sistema Moinhos Velhos-Pena-Contenda.

Breve resenha histórica

Topografia da Contenda, da autoria de C.R.G.Antes de referir em mais pormenor os trabalhos realizados nesta cavidade é justo que se refira quem durante décadas foi  responsável pelos trabalhos realizados nesta gruta. A Sociedade Portuguesa de Espeleologia é a associação que  segundo C. Thomas, 1985, tem vindo a trabalhar nesta gruta desde os anos 50, até à actualidade e a quem se deve a maior parte das descobertas realizadas nesta gruta, uma galeria desta gruta tem inclusive o nome desta associação. Em 1959 o Cave Research Group da Universidade de Londres fez uma expedição a Moinhos Velhos-Pena-Contenda. A topografia da gruta foi publicada em 1959 num documento intitulado: ” The caves of the Serra de Aire massif, Central Portugal “, tendo sido posteriormente republicada no livro de C. Thomas, 1985, “Grottes et Algares du Portugal”Ainda  C. Thomas terá realizado trabalhos nesta gruta uma vez que republica a topografia da autoria do C.R.G. (Cave Research Group) e faz uma breve descrição da gruta. Obviamente que ao longo dos anos outros grupos poderão ou terão trabalhado nesta gruta. Se for esse caso por favor refiram-no nos Comentários de modo a podermos inclui-los nesta breve resenha histórica.

Trabalhos realizados

Durante três anos (2007, 2008 e 2009), um grupo de associações de espeleologia juntou esforços para realizar vários trabalhos na gruta, a saber: levantamento topográfico, levantamento geológico, amostragem biológica, desobstruções diversas e três espeleomergulhos.

Os trabalhos foram realizados por membros das seguintes associações de espeleologia, aqui enunciadas por ordem alfabética: AES – Associação de espeleólogos de Sintra, AESDA – Associação de Estudos Subterrâneos e Defesa do Ambiente, ARCM-Alto Relevo Clube de Montanhismo, CEAE-LPN – Centro de Actividade Especiais da Liga Portuguesa de Protecção da Natureza, ECTV – Espeleoclube de Torres Vedras, GEM – Grupo de Espeleologia e Montanhismo NEC – Núcleo de Espeleologia de Condeixa, NEALC – Núcleo de Espeleologia de Alcobaça, NEUA – Núcleo de Espeleologia da Associação Académica da Universidade de Aveiro.

Levantamento topográfico e espeleometria

Quase toda a extensão conhecida da gruta foi topografada. Até agora, a gruta tem um desenvolvimento total topografado de 141o8m e uma profundidade máxima de 90m (+17m ponto mais alto da gruta e -73m ponto mais profundo da gruta). As medições de profundidade são referidas em relação à actual entrada da gruta.

A planta da gruta é apresentada na Fig. 5 e o respectivo perfil na Fig.6.

Figura 5 - Planta da Gruta da ContendaA disposição das galerias da gruta encaixa-se na categoria de “curvilinear branchwork” segundo a classificação de Palmer, 2003. A gruta tem duas entradas. Uma das entradas é um pequeno algar que hoje se encontra obstruído, a outra é a exsurgência. O acesso à gruta só é actualmente possível por esta última entrada.

A gruta é composta por uma galeria principal que se desenvolve grosseiramente, primeiro para sudeste e depois para norte. Esta galeria encontra a cerca de 270m da entrada uma galeria afluente (conhecida como galeria do sifão lateral), que se desenvolve para sul. A galeria afluente apresenta antes de uma bifurcação, já próximo da sua zona terminal um pequeno canhão, a partir da bifurcação tem-se acesso a duas galerias, terminando ambas em sifões. A galeria afluente tem cerca de 130m de comprimento. A galeria principal, a cerca de 550m da entrada da gruta, entra na zona dos poços.

Existem dois conjuntos de poços. Um dos conjuntos, tem cerca de 60m de profundidade, a base do último poço tem uma camada de argila (provavelmente gerada por sedimentação de águas estagnadas nos poços) e termina num sumidouro. O outro conjunto de poços, também com cerca de 60m de profundidade, permite o acesso a duas galerias inferiores.

Uma dessas galerias é chamada “galeria do Rio”. O nome é devido ao rio subterrâneo lá encontrado. Esta galeria tem uma extensão conhecida de sensivelmente 100m. o acesso à galeria do Rio  faz-se por um estreito poço com cerca de 10m, que sai sobre uma galeria de direcção Este-Oeste onde circula um afluente do rio.
A galeria do rio desenvolve-se também em direcção grosseira Norte- Sul, tendo uma extensão conhecida da ordem dos 150m,  o acesso à galeria do Rio  faz-se por um estreito poço com cerca de 10m, que sai sobre uma galeria de direcção Este-Oeste onde circula um afluente do rio. A galeria do rio é de longe a mais fascinante e bela desta gruta sendo que podemos encontrar inclusive alguns exemplares do que Bogli,1980 designa de”cave springs”, que se poderia traduzir por nascentes cavernosas. A galeria do Rio das vezes que foi por nós visitada encontrava-se sempre com água, sendo no entanto visível a redução do nível de água com o avançar do Verão.

A outra galeria é conhecida por “galeria SPE 66? e desenvolve-se por cerca de 230m para Norte, cerca de 7m acima do nível da galeria do Rio.  O nome  desta galeria (SPE66) deriva, do ano em que esta galeria foi descoberta pela associação atrás referida. Esta galeria termina num poço com água. A água encontrada, durante o Verão, no rio subterrâneo, nos sifões da galeria afluente (sifão lateral) e no poço terminal da galeria SPE66, deverá todo corresponder ao nível freático regional.

Figura 6 - Corte da Gruta da Contenda

Levantamento geológico e geomorfológico

Enquadramento

A gruta desenvolve-se, de acordo com a folha 27-A-Vila Nova de Ourém da Carta geológica na escala 1:50.000, em calcários do Batoniano (Dogger), como se pode ver na Figura 4. O calcário pertence à formação de Calcários Mícritos da Serra de Aire, composta principalmente por calcário micrítico. Em relação à estrutura geológica, e com base numa análise expedita do mapa geológico acima mencionado, a gruta desenvolve-se no flanco de uma dobra regional. Este flanco pode ser considerado localmente como um monoclinal com uma atitude aproximada de NW-SE/20S.

Aspecto arredondado das paredes (típico de corrosão em regime freático)
A entrada da gruta fica perto do bordo Norte do Polje de Minde. Este Polje, de acordo com Almeida et all (1995), tem de cerca de 4 km de comprimento por 2 km de largura e o seu fundo tem uma altitude média de 200 m. Existem várias nascentes temporárias, todas elas associadas a grutas importantes (Almeida et all, 1995, depois de Crispim, 1987), localizadas ao longo dos bordos NE e NW do Polje. Periodicamente, os sumidouros localizados perto da vila de Minde são insuficientes para drenar o Polje e este transforma-se num lago temporário. O bordo Norte do Polje de Minde corresponde a uma falha (com direcção NW-SE)., sendo que as cavidades, cujas entradas estão localizadas perto do extremo norte do Polje de Minde, estão assim localizadas próximo de uma falha Esta falha produz um efeito de barreira, permitindo o contacto lateral entre calcários do Dogger, com um elevado potencial de carsificação, e os calcários do Malm de menor permeabilidade. Esta falha age provavelmente como uma barreira ao fluxo de água na direcção perpendicular à falha, mas também como uma linha de fluxo preferencial da água paralelo à falha. Crispim, 1995 reconhece a importância desta falha, colocando em contacto rochas de permeabilidade muito diferentes, afirmando também que as zonas de emergência de águas estão localizadas ao longo dos contactos entre as rochas de permeabilidade diferentes.

De facto embora as várias grutas, acima referidas, não estejam ainda completamente exploradas e a topografia da maioria delas esteja (como é hábito aliás) por publicar, é notório que uma série de grutas tipicamente consideradas como pertencentes a diferentes sistemas e muitas delas com orientações distintas da falha acima referida têm as suas bocas a escassas centenas de metros umas das outras e ao longo de uma estrutura que poderá ser propícia à condução de água, como tal a ligação entre algumas ou todas estas grutas/sistemas é uma possibilidade que enriquece o potencial espeleológico desta área crítica

A gruta tem vários tipos de controlos estruturais. Numa primeira abordagem a galeria principal, parece ser controlada principalmente pelas superfícies de estratificação, em algumas zonas pela direcção das camadas e noutras áreas pela inclinação das mesmas. Os planos de estratificação medidos dentro da gruta, relataram valores entre N40W a N50W/20S para a direcção e inclinação das camadas. Este valor está de acordo com o acima mencionado para a atitude regional das camadas da área. Várias fracturas cruzam a galeria principal, tendo alguma influência no seu desenvolvimento. Na área onde a galeria principal e a afluente se encontram, uma fractura com uma atitude de N50W / vertical, controla o desenvolvimento das duas galerias. Fracturas com uma atitude aproximada de N30E/vertical também controlam outras partes da galeria principal.

O desenvolvimento da galeria afluente é controlado principalmente pela inclinação das camadas e nalgumas áreas por várias fracturas. Essas fracturas têm uma atitude N40W a N50W/vertical, N10W/vertical e E-W / vertical.

O desenvolvimento na zona dos poços é controlado principalmente por fracturas com uma direcção variando de N50W a N60W.

Controlo estrutural da galeria por uma fractura, note-se a inclinação da fractura.
A galeria SPE66 é estruturalmente controlada principalmente por uma família de fracturas de atitude aproximada N10W/80E, embora algumas pequenas partes da galeria sejam controladas por fracturas de uma outra família de atitude N60E a N80E/Vertical. As áreas controladas por esta última família de fracturas fazem a ligação com as áreas controladas pelas fracturas da família N-10W/80E.

Padrões de circulação de água

Todas as galerias topografadas da gruta podem ser consideradas como fazendo parte da zona vadosa activa, de acordo com a definição de Bögli, 1980. Quanto à espessura da zona vadosa activa no Polje de Minde, o relatório Ramsar refere-se a 100m de variação do nível freático nessa área. Ainda de acordo com Crispim, 1987, na gruta de Moinhos Velhos, a zona de oscilação temporária do nível freático tem uma variação máxima de 80m. Como se refere na introdução, a gruta da Contenda é considerada uma exurgência de extravasamento de Moinhos Velhos. Segundo a interpretação de que toda a gruta pertence à zona vadosa activa, o valor da profundidade da gruta (cerca de 70m a contar da cota da actual entrada desta) deverá corresponder à espessura da zona vadosa activa. Este valor é bastante próximo ao mencionado na gruta de Moinhos Velhos.

As galerias da gruta são de origem freática. A única excepção é a zona com morfologia em canhão encontrado em parte da galeria afluente, que aparenta ter sido formado sob regime vadoso, que terá sucedido, ao regime freático inicial. Com base nas vagas de erosão e nos sedimentos encontrados na galeria, a água deve fluir da parte mais profunda da gruta (galeria SPE66, galeria do rio, galeria afluente) para a galeria principal, até atingir a entrada da gruta.

Quanto ao meandro em canhão na galeria afluente, as vagas de erosão, da parte superior da sua secção transversal, indicam o fluxo de água proveniente dos sifões para a galeria principal, embora as vagas de erosão da parte inferior da mesma secção indiquem que o fluxo de água faz o caminho inverso, da galeria principal para os sifões. Apresenta-se de seguida uma proposta de génese desta morfologia:

a) Formação da galeria afluente (sob um regime freático) por água que circulava de galerias desconhecidas, situadas depois dos sifões, em direcção à galeria principal. As vagas de erosão na parte superior da secção transversal (apontando no sentido da galeria principal) foram inicialmente formadas durante este período.

b) Após um determinado ponto do seu desenvolvimento, a gruta começou a actuar não apenas como exsurgência, mas também como um receptor das águas vindas da superfície. A água penetra na gruta através de áreas de recarga difusas ou concentradas situadas à superfície, circulando ao longo de algumas galerias de pequeno diâmetro, que terminam na galeria afluente. A água proveniente do rebaixamento do lago temporário do Polje, quando a gruta actua como um sumidouro, deverá também actuar neste processo. A água circula ao longo da galeria afluente, até atingir os sifões terminais. Esta circulação dá-se em regime vadoso, e terá escavado o meandro em canhão e produzido as vagas de erosão na zona inferior da secção transversal (apontando no sentido dos sifões).

c) Actualmente, a água circula a partir dos sifões para a galeria principal somente quando a gruta se enche de água, quando o nível freático sobe. Isto acontece no Inverno. Esta circulação em regime freático deverá continuar a ocorrer. O restante tempo, que é provavelmente a maior parte do ano hidrológico, a galeria afluente recebe água que circula num regime vadoso e escava o meandro em canhão.

Considerando a morfologia da gruta, a circulação da água acima descrita, e o facto da gruta da Contenda ser uma exsurgência do tipo “trop plein”, pode-se considerar que o período de circulação das águas subterrâneas é provavelmente limitado na maior parte da gruta. As zonas onde deverá haver circulação permanente são a “Galeria do rio” (onde se observa a circulação das águas subterrâneas, mesmo no verão), e na(s) galeria(s) desconhecida(s) aonde a galeria afluente deve ligar. A Galeria SPE66 poderá também ter circulação durante uma parte significativa do ano.

A parte terminal da galeria SPE 66  onde se tem vindo a trabalhar nos últimos 2 anos, desenvolve-se de um  modo grosseiro de Sul para Norte,  tendo uma extensão de cerca de 200m até ao poço terminal.   A galeria SPE 66 localiza-se na zona semiactiva, já muito próxima da zona freática.  A sua posição ligeiramente elevada em relação à galeria do Rio permite-lhe ter, durante o estio, uma maior área emersa.

Mergulhos

Conforme mencionado anteriormente a gruta da Contenda encontra-se bastante próxima da gruta de Moinhos Velhos. A parte terminal da galeria SPE 66 termina num poço com água. Este poço está a cerca de 100m (em linha recta) da gruta de Moinhos Velhos, de acordo com os levantamentos topográficos da SPE efectuados para a gruta de Moinhos Velhos (Crispim, 1987) e da gruta da Contenda. Os mergulhos foram realizados neste poço, que está aproximadamente a 850m da entrada da gruta. O percurso para chegar ao poço demora cerca de 3-4 horas de uma dura progressão, incluindo a passagem de alguns lagos. Tanto quanto sabemos, nunca havia sido realizado nenhum mergulho nesta gruta. O objectivo dos mergulhos foi, inicialmente, reconhecer o final do poço, e verificar se este tinha alguma ligação penetrável que permitisse a sua exploração.

mergulho-1

Três mergulhos foram realizados, o primeiro em 2008 e os restantes em 2009. Ambos foram realizados por Rui Pinheiro, com o apoio técnico de outros mergulhadores. O mergulho de 2008 revelou que o poço terminal dá acesso a uma galeria submersa, mas as limitações técnicas não permitiram explorar então muito mais. Os mergulhos de 2009 atingiram galerias inexploradas até então. O poço dá acesso a uma galeria inferior com a orientação aproximada Norte-Sul. A galeria continua para norte e depois para leste por cerca de 12m até atingir uma zona seca (à altura do mergulho, mas que em 2008 estaria certamente submersa), tendo-se constatado que a gruta continua, mas não sendo prosseguida a exploração por questões de segurança. Foi realizado um novo mergulho para Sul, do poço de acesso à água, a galeria (com maiores dimensões do que do lado norte) continua para SE, sempre submersa até terminar algumas dezenas de metros à frente. Embora a galeria termine neste nível (8m de profundidade), do chão desta saem três poços, com uma profundidade estimada em 9m. Esses poços continuam para a zona freática profunda, e não foram explorados em virtude de o mergulhador se encontrar desprovido de sistema de controlo de flutuabilidade. Com este mergulho a gruta da Contenda está agora a cerca de 90m (em linha recta) da gruta de Moinhos Velhos – Pena.
A ligação embora pareça iminente é difícil já que há que vencer uma zona inundada.

mergulho-2

 

Biologia

Da amostragem biológica resultou também na descoberta de uma nova espécie de escaravelho cavernícola: Trechus lunai Reboleira & Serrano, 2009 e na ampliação do conhecimento da ecologia desta cavidade.

Resta-nos referir que a gruta da Contenda requer alguns cuidados na sua exploração, a maior parte do ano a galeria de entrada só é visitável até cerca de 200m da entrada, normalmente neste local forma-se um sifão que só abre naturalmente no final da primavera; se esta não for muito chuvosa, e após o poço (na bifurcação) na galeria norte existe um local onde por vezes está um lago, que em caso de chuva recebe uma recarga muito rápida que bloqueia a passagem rapidamente. Como tal em caso de previsões de chuva não se deve nunca visitar esta cavidade. Apesar de pela topografia a gruta parecer relativamente simples é um puro engano. Esta cavidade é bastante tortuosa com zonas de tecto relativamente baixo, constantes subidas e descidas com argila e água em muitos locais, talvez por estas razões ela ainda se encontre ainda em exploração…

Agradecimentos

Este trabalho só foi possível devido ao apoio e duro trabalho de campo dos seguintes espeleólogos: José Silva, Ildegardo Granjo, Luís Sobral, Margarida Jalles, Mário Matos, Miguel Lopes, Paulo Almeida, Paulo Alexandre, Ana Calambra, António Mendes, Pedro Robalo, João Paulo Janela, Alvaro Jalles, Rui Andrade, Paulo Rodrigues, Rui Francisco (Loia), Rui Pinheiro, Pedro Pinto, André Reis, Beatriz Silva, Patrícia Silva, Celso Santos, Paulo Campos, Diana Campos, Luís Costa (Costinha), Vitor Amendoeira, Marta Borges, Mário Pereira, Vitor Toucinho, Ana Barros, Ulisses Lopes, Fortunato Videira, João Pinheiro, Costa Pereira, Luís Meira, Marco Costa e Ana Sofia Reboleira.

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